Fato: caso tenhamos sorte e não ocorra nenhuma interrupção no meio do caminho, ficaremos velhos.
A grande questão é que consigamos lidar da melhor forma possível com esta degradação natural e que aceitemos os novos limites impostos pelo corpo. A maior dificuldade está aí. É um estágio difícil e por vezes humilhante, aonde o apoio e a compreensão de familiares e amigos é imprescindível para que a pessoa não se sinta rejeitada e apenas um peso.
Estou vendo e vivenciando esta questão, de forma mais presente deste o ano passado. Não só com o pai da Letícia (além de doente ele já tinha mais de 80 anos), mas com uma tia, viúva, sem filhos e bem doente.
Estamos tentando organizar as coisas da melhor forma possível para dar o apoio necessário a ela. Porém, dentro do ritmo louco que vivemos, o ponto é balancearmos nossa vida e a vida dela, de modo que uma não seja tragada pela outra. Suporte e cuidado no ponto certo, mas sem sermos arrastados com isso.
Vai exigir um tanto a mais de dedicação, um tanto a mais de cuidado e o foco de gerenciamento em uma vida a mais além da nossa.
Seria mais fácil deixa-la em um asilo e pagar para não termos que nos preocupar com nada, como é praxe nos dias de hoje?
Sim.
Porém, além da questão moral envolvida, sempre lembro que com um pouco de sorte e sem nenhuma interrupção, seremos nós no lugar dela mais para frente e acredito que devo agir como gostaria que agissem comigo nesta hora.
2 comentários
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01/02/2009 às 16:02
Mauro
Tocha, aqui nos EUA existe uma alternativa bem melhor… são chamados de “assisted living”. Basicamente são condomínios de casas ou prédios de apartamentos onde existe infraestrutura para ajudar os mais idosos: faxineiras, enfermeiros de plantão, ônibus para levá-los para todo lado, etc.
Claro que isso tem um custo, mas acho bem melhor do que um asilo. Você mora na sua própria casa ou apartamento (dependendo do lugar, você é o dono do imóvel mesmo, em outros você paga aluguel), e tem gente de plantão para fazer as coisas para você.
01/02/2009 às 20:41
André Moreau
Mauro, aqui no Brasil eu vi algumas coisas equivalentes, mas não sei o quão funcional elas são. Vou pesquisar um pouco mais por aqui para ver o que temos à disposição.