Fato: caso tenhamos sorte e não ocorra nenhuma interrupção no meio do caminho, ficaremos velhos.

A grande questão é que consigamos lidar da melhor forma possível com esta degradação natural e que aceitemos os novos limites impostos pelo corpo. A maior dificuldade está aí. É um estágio difícil e por vezes humilhante, aonde o apoio e a compreensão de familiares e amigos é imprescindível para que a pessoa não se sinta rejeitada e apenas um peso.

Estou vendo e vivenciando esta questão, de forma mais presente deste o ano passado. Não só com o pai da Letícia (além de doente ele já tinha mais de 80 anos), mas com uma tia, viúva, sem filhos e bem doente.

Estamos tentando organizar as coisas da melhor forma possível para dar o apoio necessário a ela. Porém, dentro do ritmo louco que vivemos, o ponto é balancearmos nossa vida e a vida dela, de modo que uma não seja tragada pela outra. Suporte e cuidado no ponto certo, mas sem sermos arrastados com isso.

Vai exigir um tanto a mais de dedicação, um tanto a mais de cuidado e o foco de gerenciamento em uma vida a mais além da nossa.

Seria mais fácil deixa-la em um asilo e pagar para não termos que nos preocupar com nada, como é praxe nos dias de hoje?

Sim.

Porém, além da questão moral envolvida, sempre lembro que com um pouco de sorte e sem nenhuma interrupção, seremos nós no lugar dela mais para frente e acredito que devo agir como gostaria que agissem comigo nesta hora.