Sempre tive um conceito neutro (para não falar indeciso) quanto à paternidade. Gosto de crianças, me dou bem com elas, mas ao mesmo tempo tenho receio de como agiria como pai, por conta da minha perda quando garoto, pela forma como me preocupo em demasia com os outros às vezes e simplesmente por todo o trabalho, gastos e responsabilidade que ter um filho acarreta.
No geral, pessoas que querem ter filhos já sabem disto desde cedo, é um conceito presente que não deixa margem para dúvidas.
Outras possuem posturas diversas para não tê-los. Ponderam sobre custos (e é realmente caro), a responsabilidade de ter que cuidar permanentemente de uma pessoa, o trabalho de educar, o tempo que deve ser empenhado com os filhos. Alguns ponderam sobre o impacto ambiental que colocar mais gente no mundo acarreta, outros pensam em como lidar com um filho na sociedade atual, que em certos pontos consegue ser brutal. Alguns possuem posturas puramente egoístas no discurso. Já vi casos de pessoas que tinham o discurso contra ter filhos somente para influenciar outras pessoas que queriam tê-los de forma negativa e com isso conseguir algum objetivo escuso. E existem pessoas que simplesmente não gostam de crianças e ponto final.
Como não era uma questão muito presente nas minhas ponderações imediatas, sempre deixei para pensar nisso no futuro. Porém, de uns tempos para cá a minha postura mudou. Em parte pelo meu convívio com amigos que possuem filhos, como o Sílvio (que na foto acima está como Chiquinho no colo), em parte pelo que acontece com a minha tia já idosa (que não teve filhos e precisa da minha ajuda para ser amparada agora).
Mas apesar da postura ter mudado, ainda tenho as minhas dúvidas e mesmo que decida ter mesmo um filho, não é um trabalho individual.
A Letícia nunca quis ser mãe. Sempre teve uma postura bem definida quanto a isso. Mesmo com os amigos afirmando que as crianças se dão bem com ela, que ela possui bastante paciência e que educaria muito bem uma criança, ainda assim não é algo inerente à sua natureza.
Decidimos que iremos pensar, observar e analisar. Nos próximos 5 anos iremos prestar atenção nos amigos que já são pais, conversar bastante sobre o assunto com as pessoas, analisar nosso planejamento de finanças, pensar sobre ter ou adotar (que é um conceito que eu até prefiro) e ver mesmo se uma criança cabe em nossa vida.
Daqui a 5 anos eu coloco aqui a parte 2 deste post.
3 comentários
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16/02/2009 às 00:17
Mauro
Uia, será que eu sou daqueles que não teve filhos para poder influenciar as pessoas para atingir meus fins escusos? 😉
Só queria dizer o seguinte, com relação à Lelê: no caso de filhos, se um não quer, dois não fazem. Ter filhos porque o parceiro quer quando a gente mesmo não tem desejo é muito maus, dá merda para todo mundo. Ambos tem que querer por eles mesmos.
16/02/2009 às 01:31
André Moreau
Sim Mauro, é justamente este o ponto. O que eu pedi para ela fazer nestes 5 anos é estar aberta para analisar a questão toda. Nem mesmo eu sei se vou continuar com este desejo depois deste tempo. Daqui a 5 anos vamos analisar o todo e somente isso.
Mas sim, se formos ter será somente se os dois estiverem 100% de acordo por nós mesmos. O peso do desejo do outro não pode influenciar nesta decisão.
16/02/2009 às 20:39
Silvio
André, eu só sei de uma coisa. O fato de ter o Francisco mudou radicalmente a minha vida e tem sido uma experiência fantástica. O que aprendo com ele e com o convivio com ele e a Ana são coisas que me ajudam muito no dia a dia e no modo de encarar e ver as coisas.
Sobre ter ou não filhos, com certeza tem que ser um desejo dos dois, ambos com vontade e desejo de entrar numa roda gigante animal e divertidíssima.
Até hoje não tive um dia sequer de arrependimento, olhando para trás parece que o mundo pra mim melhorou com a presença dele.