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Estava com saudades disso.
Dessa sensação de estar à deriva.
De vagar despreocupado, com apenas uma idéia parcial do rumo a ser seguido.
De olhar a vida de frente.
De ver o mundo ao redor e ouvir o que ele tem para me dizer.
De testar com calma, sem muita pressa, sem medo de errar,
pois o erro na verdade é algo bom. É o desequilíbrio que causa o crescimento.
Estava com saudades disso.
Tenho andado bem sumido daqui ultimamente. Ando sem tempo de respirar direito no meu dia-a-dia. O mais triste disso é que eu não estou mais com preguiça de acordar: estou na verdade entediado de acordar.
Há umas duas semanas, todas manhãs têm sido absolutamente iguais. Parece a mesma repetição de sempre do Bill Murray, mas de forma corrida, sem espaço para variação.
-Toca o aparelho de som com o CD com trilha sonora do House;
-Kyle ouve e começa a mordiscar meu cotovelo para eu levantar;
-5 minutos depois meu celular toca e eu pulo da cama;
-Aslan corre comigo para o banheiro para eu abrir a torneira da pia para ele beber água;
-Chego na cozinha: hora de colocar ração para os gatos e desviar das mordidinhas do Kyle no meu calcanhar. Isso já está tão marcado que eu sei até a contagem do tempo. Hoje eu desviei antes dele morder, sem mesmo olhar;
-Ligar o laptop;
-Água na chaleira, pó no filtro e preparar o café;
-Pegar dois nacos de pão australiano, cortar cada um em 3 fatias e passar manteiga;
-Comer rapidinho na frente do micro lendo os e-mails e os Twitties;
-Lavar a louça;
-Banho;
-Tirar o Aslan da pia;
-Escovar os dentes;
-Me vestir;
-Abrir as janelas;
-Abrir passagem para o Aslan saltar para o peitoril da janela da sala;
-Pegar frutas na geladeira e colocar na mochila;
-Sair de casa correndo.
Tudo em uns 45 minutos, sem paradas. Parece até a mesma dança, já coreografada, sem tempo para respirar ou inserir algo diferente.
Preciso trocar essa salsa alucinada por algo mais tranqüilo. Talvez um bolero?