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No final de semana passado tive o meu exame de faixa no Aikido.

Passei as semanas anteriores treinando especificamente para o dia e fazendo “simulados” no dojo. O que me deixava impressionado era como eu ficava nervoso em cada simulado.

Eu podia passar o treino fazendo de forma tranqüila todos os movimentos da lista, podia estar relativamente confiante de que eles estavam mais ou menos corretos, mas montava-se a estrutura formal do simulado, como seria no dia do exame, e lá estava eu uma pilha de nervos.

Fiquei preocupado de estar nervoso da mesma forma no dia. E assim foi. Cheguei ao dojo central no domingo pela manhã, bastante tenso com tudo.

Antes do exame dos adultos ocorreu o exame de faixa das crianças. Foi aí que me deu o estalo: aquelas crianças estavam lá se divertindo horrores. Não que tudo fosse uma brincadeira, mas essa era a forma que eu deveria encarar. Era para ser divertido.

Então eu relaxei, pois no fundo eu não estava lá para passar no exame. Eu já havia passado. A Sensei Lila nunca teria deixado que eu o fizesse se não estivesse capacitado. Não estava lá para ser aprovado, mas para demonstrar para os outros Senseis o que a Lila havia me ensinado. Então relaxei e fiz uma demonstração “relativamente” tranqüila.

Mas o que mais me impressionou foi o exame de dois dos meus colegas de dojo, que fizeram o exame da faixa verde para a azul. Eles estavam sorrindo o tempo todo que faziam os golpes. Eles estavam se divertindo. E essa é a parte que eu mais quero aprender agora: a praticar o Aikido com olhos de criança novamente.

Desde sempre eu fui uma pessoa de agir e resolver as coisas. Sempre lembro de que, quando precisava construir algo com uma certa urgência (como algum cenário para teatro), não me importava em arrancar uma peça de algum outro objeto e resolver o problema. Depois eu me preocupava com o objeto que havia ficado perneta.

Por conta disso, momentos como este que estou, de transição e mudança em diversas áreas da minha vida, me deixam incomodado. Estou preparando muita coisa, arrumando muita coisa, entendendo e sentindo um outro tanto. Mas as coisas em si estão incompletas e não sei aonde eu consigo as peças para finaliza-las.

– – –

Meu psicólogo usou uma metáfora interessante uma vez. Das mudanças como sendo uma troca de poltronas.

Você está confortável na sua poltrona, mas ela já está meio capenga para você. Ou o estofado está ruim, ou ela está bamba, ou a posição já não é a melhor. Você então se dá conta de que você na verdade não se sente confortável, mas está acomodado naquela poltrona e nem para e pensa que pode achar uma poltrona mais adequada.

Ou você pode aceitar e ficar daquele jeito para sempre ou levantar e procurar outra poltrona. Se você acha outra fácil e tem certeza da escolha, melhor para você. Você se senta e continua confortavelmente a sua vida.

Mas por vezes você não encontra a poltrona ideal (ou pelo menos acha que não encontra) e tem que passar um bom tempo de pé. Por vezes a poltrona ideal está ocupada. Por vezes ela não existe ou você não sabe onde ela está. Por vezes, você fica apenas na dúvida de decidir por qual delas.

É nesta hora que você se cansa e de repente a poltrona antiga parece novamente confortável. E aí você corre o risco de voltar para ela e perder a sua busca.

– – –

A grande questão é que não estou cansado, mas sim ansioso por resolver tudo. Detesto coisas não resolvidas, pois me travam em outras áreas. Preciso muito estar confortável nas poltronas novas, nem que eu tenha que construí-las para isso.

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